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Diogo Limão

Recursos Humanos

Reflexão sobre a minha entrevista à Antena 1

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Fonte da imagem: http://img0.rtp.pt/icm/thumb/phpThumb.php?src=/antena1/images/f8/f89996379ad66876a660667184b547b5&w=1200&sx=40&sy=0&sw=821&sh=450&q=75&w=800&q=75

(Todos os direitos pertencem à RTP)

 

Hoje tive vontade de escrever um pouco sobre a experiência que tive, justamente a de ser entrevistado pela Antena 1, para o programa "Só Neste País...". Pode parecer uma atitude normalíssima, aceitar uma proposta feita por uma repórter daquela emissora de rádio. E até poderá ser... Mas não o deve ser e, hoje, explico-lhe o porquê!

 

Antes de mais, caso não tenha tido a oportunidade de ouvir os minutos em que falo sobre a minha experiência com alopécia, poderá fazê-lo (antes de continuar esta leitura) através desta ligação.

 

Voltado à questão da normalidade. Os psicólogos perguntam -- e muito bem -- o que é "normal"? A normalidade não existe e depende da forma de olhar o Mundo de cada pessoa. O que é normal para mim, poderá não o ser para si. Depois, existe a corrente de pensamento, que emerge da Psicologia Positiva, que nos diz que não celebrar as pequenas vitórias da vida não nos levará a um futuro (e presente) com mais felicidade, porque não exteriorizamos a gratidão. Ora, na minha leitura, tomarmos algo como "normal" irá fazer com que estejamos a retirar a carga positiva, e merecedora de festejo, alimentando uma cultura de "dado aquirido". Não o devemos fazer!

Para mim, falar sobre a alopécia é, nos dias de hoje, completamente natural. Tanto falo abertamente sobre este tema pessoalmente como por escrito, neste blogue, e por isso, teria reúnidas as condições necessárias para dizer que foi "só mais uma oportunidade" para pôr a minha visão cá para fora. A verdade é que estou extremamente grato por ter aberto a minha caixa de entrada e ter lido a proposta que motivou a entrevista, aceitando-a de imediato.

 

Acredito que temos todos um papel fundamental perante o Outro. Temos o papel de ir na rua e cumprimentar, com um sorriso, a pessoa que está na paragem de autocarro. Temos o papel de cumprimentar, com a mesma cortesia, alguém que está a ter um dia menos bom -- quem sabe se essa pessoa não precisa apenas de um pequeno empurrão para mudar o ciclo emocional que está a vivenciar naquele momento? -- e temos, também, o papel de deixar a nossa contribuição social. Ajudar o Outro a ser ajudado, pelo menos.

 

Para além do que foi possível ouvir nos minutos em que falei naquela emissão de rádio, falei outros tantos. A minha motivação -- e talvez a razão de ter sido involuntariamente apelidado de técnico motivacional (grato por isso: foi a primeira vez) -- foi levar o ouvinte, porventura a passar por qualquer uma das "fases" da doença, que falo neste texto, a encarar a sua condição de uma outra forma: de forma positiva. Acredito no "fake until you make it*" (Amy Cuddy, investigadora e psicóloga social): se estamos num ciclo negativo -- baixa auto-estima; baixa motivação para fazer acontecer... -- devemos procurar forma de integrar nos nossos dias a energia inversa. Por isso, defendo o sentido de humor. Não o faço por máscara, mas de forma a dizer ao nosso cérebro que também se brinca com coisas sérias e que é aceitável tomarmos atitudes baseadas no positivo, para nos colocarmos nesse estado emocional, e para não nos mantermos sempre no mesmo registo. Não consegue fazê-lo sozinho? Procurar um profissional da psicologia será, porventura, um caminho. Quanto à busca da cura, por via farmacêutica: continue, tal como digo naquele texto, mas não se esqueça de viver. Viva no momento, o mais que conseguir. Acredito que irá dar frutos, lá na frente.

 

O tempo é curto, quando toca à rádio. Na entrevista, disse que (a propósito do uso de peruca), no meu caso em particular, andaria em "carnaval". Como não quero ser mal interpretado e ferir aqueles que mais precisam da minha palavra de apreço e força, aproveito para clarificar a minha ideia. No carnaval andamos de máscaras. A grande ideia de andar mascarado é dissociarmo-nos que quem nós realmente somos, para tomarmos a pele de outro. Isto, no que toca ao Ser, não deverá acontecer. Acredito que, acontecendo, estamos a deixar de parte aquilo que nos torna "Nós". Estamos a privar os outros (e a nós mesmos) de verem o melhor daquilo que temos para dar. A ser alguém que não somos. Estamos, então, a privar os outros (e a nós mesmos) de verem qual é a nossa estrelinha, aquela que temos em cima das nossas cabeças, que nos torna únicos!

 

Espero que a minha entrevista tenha feito tanto sentido para si, como fez para mim! Partilhe-a, se o impactou de alguma forma!

 

Não se esqueça de viver!

 

* Finge até te tornares (tradução livre para o contexto no qual foi inicialmente proferida pela autora).

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