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Diogo Limão

Recursos Humanos

Dê mais Sentido às suas Conversas

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Este é o post número 100 do meu blogue. Podia mentir-lhe e dizer-lhe que tenho querido esperar para escrever sobre as Conversas com Sentido -- e como elas o ganham -- no texto número cem do meu blogue mas estaria a mentir. Como disse, uma vez, "quando são escritos com a alma e em presença", umas simples palavras ganham um outro significado.

Estarei a falar verdade se disser que hoje estou em flow para a escrita: sinto, realmente, um alinhamento entre quem sou quem quero ser -- a minha melhor versão. 

 

Nesta altura da minha vida, para além de procurar acrescentar um contributo positivo na vida das pessoas com quem me cruzo, facilitando-lhes o melhor que sei e que faço através do Coaching, sou também -- e há pouco tempo -- recrutador. Sou recrutador numa empresa diferente numa área igual. Algo que me atraíu nesta empresa, para a qual dedico grande parte do meu dia, foi a possibilidade de ter uma contribuição na vida de alguém, por meio do emprego. Recebemos todo o tipo de pessoas. Aquelas que querem, desesperadamente, uma nova oportunidade para dar uma volta à sua vida como aquelas pessoas que procuram alavancar o que sabem e o que fazem num outro ambiente, que as faça crescer. É isso que tenho recebido: "quero crescer"; "quero aprender" ou "quero estar melhor". Esse é, lá no fundo, aquilo que nos move a todos, uns mais do que outros: querer caminhar na estrada do desenvolvimento e crescimento pessoal.

 

Hoje, e pouco tempo antes de me focar em escrever este texto e antes de deixar que este sentimento se esvaia, terminei uma entrevista telefónica que me fez revisitar a razão pela qual, no meu segundo ano de licenciatura, tracei o caminho profissional que estou a percorrer agora. Nessa altura da minha vida, disse que o que me movia eram as Pessoas e o contacto que podería ter com elas. Dizia, também, que estar numa posição em que pudesse conversar sobre o que é importante para elas -- naquele contexto profissional -- seria o plus que conseguiria acrescentar à minha vida profissional.

 

No final desta chamada, a pessoa do lado de lá, pergunta-me se me pode colocar uma questão mais pessoal. "Depois desta boa conversa", dizia-me, pergunta-me se o facto de não ter cabelo se devia à alopécia, pois reparou nisso pela minha foto do LinkedIn e porque, também ele, tinha passado por isso, algures na sua vida. E conversámos sobre isso durante uns minutos, que passaram a correr. Conversámos sobre como os tratamentos, com os seus efeitos secundários, lhe resultaram e a mim não. Conversámos sobre a dor que é sentida por aqueles que nos são próximos e como querem tirá-la de nós para serem, eles mesmos, a "carregar o fardo", transferindo para si algo que não é seu, em primeiro lugar. Conversámos sobre como esse ato é heróico ao ponto de alguém se dispor a sofrer a dobrar ou na medida que conseguir suportar. Falou ele, contando-me a sua experiência, e falei eu. Não houve posições de superioridade ou inferioridade, mas sim uma compreensão mútua que estravaza a imediatez duma conversa de circunstância. Houve, claramente, uma vulnerabilização, nas duas partes, iniciada quando alguém perguntou "posso fazer uma questão mais pessoal?". Essa é a chave para abrir a porta que nos leva a um nível de significado superior de uma não-tão simples conversa. Estas conversas, que são bonitas mas às vezes doem, são a prova viva de como a empatia (i. Eu estive lá, sei o que estás a passar; ii. Não estive lá, mas vou procurar compreender o que sentes, procurando em mim esse sentimento) é um dos ingredientes necessários para dar significado -- maior e mais profundo -- às palavras que escolhemos usar.

Esta conversa foi aquilo que eu, carinhosamente, chamo de "Conversas com Sentido". 

 

Está, ainda, com dúvidas sobre o que significa -- mesmo -- conversar com sentido? Antes de mais, conversar deveria ser, sem pensar muito, uma conversa tão recheada de sentido que nem deveria ser tema de discussão, acredito.

Para conversar desta forma tenho de ser/fazer várias coisas que não apenas ser vulnerável e empático. Outros requisitos fundamentais são: não ter agenda para a outra pessoa -- devo estar disponível para receber aquilo que a pessoa tem para me oferecer, mostrando-me o seu Mapa-Mundo, enquanto conversa quem ela é realmente; quais são as suas dores e vitórias; o que significa o Mundo para ela, à luz dos seus valores e crenças. Devo procurar receber toda essa informação da forma mais incondicional que conseguir -- pela vulnerabilidade que a pessoa está disposta a suportar, devo-lhe o não julgamento. E outro requisito fundamental para acrescentar sentido a uma conversa é a curiosidade -- devo ser curioso ao ponto de me interessar, realmente, na história da pessoa. Ser capaz de pensar "Ok, a conversa não é só sobre mim e por isso quero saber mais do que tiveste coragem de me contar".

 

Assim me despeço, com um tema que me diz muito. Comece à procura do sentido nas suas próximas conversas e verá que elas -- as Conversas com Sentido -- aparecem onde menos espera.

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